quarta-feira, março 09, 2005

carta

estás aí. desse lado da luz. encostada, enrolada no corpo. quis sempre descobrir-te. desvendar-te as posturas. adivinhar-te os pensamentos. beber-te as emoções. mesmo as mais secretas. sobretudo, as mais secretas. cada dia, um caminho. um vocábulo. uma palavra guardada. um tesouro para o depois: um dia, quando o frio ameace. ou quando o medo... talvez no triste entardecer das aves. talvez quando o mar não for mais um desafio. ou o campo recuse encher-se de papoilas...
suavemente, deslizas. a luz esmorece. por isso, escrevo sol, ainda uma vez. ou uma carta. as palavras que procuro na busca de dizer-te, pura música... nas minhas veias, só o teu sangue aquece.

mário contumélias

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