sexta-feira, julho 23, 2010

quatro da tarde

Salvador Dali


às quatro em ponto da tarde, uma hora antes

de Lorca, guardo a tua mão na minha e deixo-me

ficar… não sentes? é certo que agora vives

dentro da minha cabeça, que todo o meu corpo

grita pelo teu corpo, que anseio pela doce carícia

dos teus dedos, pelo toque dos teus cabelos no

meu rosto mas às quatro em ponto da tarde guardo

a tua mão na minha mão… ligado a ti.

senhora de mim


Cativo dos teus olhos, preso na
doçura das tuas mãos, uma só
noite fez de ti senhora de
mim. São tão inesperados
os caminhos da lua…

ausência 2

Van Gogh - o quarto


Dói-me a ausência da tua voz. Sem ela,

como poderá a noite ter luar?


sábado, maio 08, 2010

Subúrbio

Pintura de Manuel Reyna


No ar um cheiro a churrasco a fim de tarde a cansaço
Na paragem de autocarro uma mulher afaga distraidamente
a face enquanto fita o nada sobre o ombro esquerdo
A fila de carros enche a rua Começa a chuviscar abrem-se chapéus
há quem se apresse Um homem já de idade escorrega no passeio
levanta-se inseguro apalpa-se não foi nada
hoje chegará ainda a casa talvez esboce um sorriso troque
uma carícia Sobre as casas ruas becos tudo é
sombra desesperança subúrbio.

quinta-feira, abril 22, 2010

Virgulas


Descubro vírgulas no teu corpo toco-as
busco uma palavra um horizonte
o romper do sol a maravilha…
sei onde o teu mar envolvo-o nos meus lábios
e adormeço menino nos teus dedos
tão ternos tão suaves
hoje nascerei de ti...

mário contumélias

tristeza


(para a Ana, passando pela Ana Rita)


Entristecem-te os olhos a tua ilha chora…
Ai, quanta mágoa o oceano envolve Ai, quantas
mortes escondidas pelas levadas Ai corpos frios
enregelando os ossos Ai árvores caídas,
casas desfeitas, gente que ficou sem nada…
Entristecem-te os olhos a tua ilha chora
É tanto o mar!

Pouco on-line


É verdade que me afasto. Que deixo cair o blog no silêncio, quase campa rasa e cruz a condizer. Mas amo este azul. E acabo sempre por voltar.